segunda-feira, 25 de julho de 2011

P. S. eu te amo de Cecelia Ahern



Apaixonados desde a escola secundária, Holly e Gerry era um casal que conseguia terminar as frases um do outro, e mesmo quando brigavam (como sobre quem sairia da cama para apagar a luz a cada noite) eles acabavam rindo. Holly não sabia onde estaria sem Gerry. Nenhum dos dois sabia. E foi assim que a lista começou como uma brincadeira. Se algo acontecesse a Gerry, ele teria de deixar para Holly uma lista de coisas que ela deveria fazer a fim de sobreviver sã e salva. Então, aos trinta anos, Holly vivencia o impensável: Gerry é diagnosticado com uma doença terminal. Holly não sabe e na verdade não quer continuar sem ele, mas Gerry tem planos diferentes para ela. Dois meses após a morte de Gerry Holly sai de casa e depara-se com um misterioso pacote. Quando o abre, descobre que Gerry manteve a palavra: ele lhe havia deixado a lista. Uma carta para cada um dos dez meses que seguiam a sua morte, todas assinaladas com um “Ps, eu te amo”. As cartas instruem Holly a realizar uma sérei de tarefas inesperadas. Algumas delas a deixam rindo alto, outras fazem-na tremer na base. Quer as execute sozinha ou com suas melhores amigas, as tarefas por fim mostram a Holly um mundo muito mais vasto do que aquele que foi forçada a deixar para trás. Rodeada de amigos e de inteligência aguçada e de uma família rude e cativante que a sufoca, ama-a e a deixa louca, Holly hesita, se contorce, chora, e brinca na sua trajetória em direção a uma nova vida.
Com uma linguagem nova e original em ficção, “Ps, eu te amo.” é uma história terna, divertida e inesperadamente romântica, que os leitores guardarão em seus corações e mentes muito tempo depois de terem fechado suas páginas.
Cecelia Ahern, a filha de vinte e dois anos do Primeiro-Ministro da Irlanda é graduada em Jornalismo e Comunicação e estava estudando para o mestrado no cinema, quando decidiu deixar a escola e escrever seu primeiro romance. Ela vive em Dublin.

sábado, 23 de julho de 2011

O monge inglês de Valeria Montaldi



Milão, 1246. Na escuridão sombra da noite, suas muralhas são iluminadas por um sinistro brilho: um incêndio destrói a casa do mestre-pedreiro Guglielmo Salvo, um respeitado senhor que morre em meio às chamas que o pegam de surpresa. Juditha, moradora do bosque do Quadronno, que todos chamam de bruxa pelo uso de ervas e fórmulas desconhecidas, segue em silêncio a fuga do homem responsável pelo fogo criminoso.
No mesmo período, o abade Arnolfo de Sala, da abadia de San Simpliciano, terá uma difícil missão: defender a honra do monastério ante as intrigas de um mercador sem escrúpulos, Birago. Entre os dois casos, o assassinato e as intrigas do comerciante, chega na cidade o frade inglês Matthew Willingham, um velho amigo de Arnolfo. Meio a contragosto, o frade se sente obrigado a ajudá-lo, e acaba descobrindo um terrível segredo.

Essa é a sinopse do livro O Monge Inglês (Il monaco inglese, Record, tradução de Eliana Aguiar, 378 páginas, R$ 39,00), escrito pela jornalista e crítica de arte italiana Valeria Montaldi, apontada como maior nome do romance histórico da Itália. O livro é o terceiro volume das aventuras investigativas do frade inglês, a primeira foi Il mercante de Lana, ganhadora dos prêmios Ostia Mare de Roma, Frignamo e Città di Cuneo, importantes agremiações da ficção italiana. O segundo livro, Il signore del falco, também premiado, com o Selezione Bancarella, ambos foram sucesso de vendas, e que chega no Brasil, ao contrário de outras séries, pelo terceiro volume – o único ponto fraco, pois desconhecemos as aventuras passadas anteriormente, esperemos que a Record publique os primeiros volumes.

Nesta aventura, Matthew já há vinte anos estava longe da cidade de Milão, atualmente extraordinária urbes cheia de mistérios, e que durante a Idade Média era uma cidade rodeada por misteriosas florestas, diversas estradas, locais de feitiçaria e mercados. O charme do passado encontrado na narrativa de Montaldi, é alternado com a crueldade dos homens da época, dando um realismo cru para a injustiça e a opressão dos menos favorecidos de grande maioria dos moradores. É deste modo, que encontramos pouca generosidade ou nobreza nas ações de alguns personagens, mas há também a coragem e a lealdade de suas personagens femininas que conseguem superar as piores dificuldades, grande maioria criadas pelos homens. Como por exemplo, Petra, obrigada a abandonar sua filha para a patroa ou Rachel, mulher judia, sem família, que se atreve a estudar medicina e lida com aqueles que se opõem aos seus sonhos e além da bruxa Juditha, na verdade uma hábil herborista que vive sozinha, erma na floresta e que ajuda quem lhe procura, sem exigir nada em troca.

A narrativa, realmente interessante, prenderá a atenção do leitor até as últimas páginas, não pelos temas do mistério ou a sede de poder e riqueza do homem, mas pela retratação da cidade, dos aspectos sociais, de seus habitantes, da compostura, do gosto pelas roupas elegantes, algo que ainda impera na cidade atualmente, conhecida como a cidade da moda. Para finalizar, ante o paralelo da moda, não convém fazer comparações, mas a crítica já compara o personagem Matthew, pela riqueza e complexidade de criação, ao monge William de Baskerville, de O Nome da Rosa. Vale a pena ler e aguardemos os dois primeiros volumes.

 fonte:http://www.bigorna.net/index.php?secao=livros&id=1212509857

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Virtude indecnte de Nora Roberts



Sinopse: Em 'Virtude Indecente', Nora Roberts apresenta Grace McCabe, escritora policial de sucesso que viaja à casa da irmã, Kathleen, em Washington, a fim de descansar após longa turnê de lançamento de seu último livro. Ela só não imaginava passar na vida real o que seus personagens vivem na ficção. Ao chegar a Washington, Grace fica chocada com o trabalho da irmã - operadora de telessexo, sob o pseudônimo Desiree. Kathleen alega que o emprego é estranho, mas, como a empresa garante o anonimato das funcionárias, realizar os sonhos de homens carentes torna-se bastante interessante. Até o dia em que ela aparece morta em casa, estrangulada com o fio do telefone. Mesmo desafiando o vizinho de sua irmã e detetive responsável pelo caso, Ed Jackson, Grace monta uma armadilha perigosa para tentar pegar o assassino. Seu plano é audacioso, o que deixa Ed totalmente contrariado. Porém, ele começa a funcionar e é tarde para deixá-lo de lado.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A pousada do fim do rio de Nora Roberts


Neste livro Nora Roberts conta a história de Olívia e Noah. Os pais de Olívia foram um dos casais mais famosos dos anos dourados de Hollywood… Até a noite em que o monstro apareceu.  O monstro e destruiu seu lar maravilhoso e afastou sua mãe para sempre.  O monstro que tinha o rosto de seu pai… Os anos passaram, e Olívia, agora uma mulher, percebe que as lembranças daquela noite estão ficando cada vez mais distantes.  A família de sua mãe, dilacerada pela dor, não poupou esforços para manter Olívia a salvo dos repórteres, enviando-a para crescer no esplendor e na beleza natural do Noroeste do Pacífico.  Mas, apesar do horror e do passar dos anos, uma parte dela ainda quer recordar aqueles acontecimentos terríveis, ainda quer saber a verdade sobre sua infância.  Com a ajuda de um jovem escritor chamado Noah Brady, ela poderia ter essa chance.  Filho do policial que encontrara Olivia escondida apavorada no armário de seu quarto há tantos anos, Noah quer reconstruir aquela noite de pesadelo – e contar a história que se tornou parte da história de Hollywood.  Com Noah, Olivia tem a oportunidade de confrontar seu passado trágico…  E os desejos de seu próprio coração solitário.  Mas antes que ela possa confrontar seu passado, precisa garantir seu futuro.  Pois, naquele refúgio da floresta, naquele canto remoto do país, o monstro vive livremente…

                                                                                                                             

Tesouro secreto de Nora Roberts


Neste livro, Nora Roberts narra uma história de sedução e suspense, paixão incandescente e assassinato a sangue-frio. 
Rica e linda, Whitney MacAllister gosta de carros velozes, clássicos do cinema e homens perigosos. Mas até mesmo essa entediada socialite do jet set de Manhattan é tomada de surpresa e pavor quando um estranho homem de jaqueta de couro preta seqüestra seu Mercedes... pouco antes de as balas começarem a voar.
O ladrão de jóias Douglas Lord se habituou a levar a vida fugindo. Parte da atração da profissão escolhida é a emoção da caça. Mas ele tem uma regra inviolável: sempre trabalhar sozinho. Até agora.
Ferido e desesperadamente necessitado de dinheiro vivo para o que talvez seja a coroação máxima de sua carreira estonteante, Doug aceita com relutância a rica e bem-relacionada Whitney como nova parceira no crime. Com os jornais estampando manchetes sobre a herdeira desaparecida de Nova York e uma gangue de criminosos no seu encalço, os dois partem para a sufocante floresta de Madagascar em busca de um tesouro fabuloso que remonta à Revolução Francesa.

sábado, 16 de julho de 2011

Um sonho de amor de Nora Roberts








         Um Sonho de Amor é  o primeiro livro da Trilogia do Sonho - uma narrativa plena de intensidade emocional e reveladora de toda a essência do universo feminino.
Laura, Margo e Kate cresceram juntas no ambiente luxuoso de Templeton House e juraram amizade eterna, mas é chegada a altura de partirem em busca dos seus próprios sonhos e Margo é a primeira a fazê-lo.
Margo é deslumbrante e detentora de uma personalidade votada ao sucesso. Mas nada do que irá alcançar na sua carreira internacional fará apagar o estigma que interiormente carrega: conquistar o amor e aceitação da mãe. Talvez devesse ser mais doce como Laura, ou mais lógica como Kate. Mas ela é imprevisível, espontânea e nada a detém...

fonte: http://noraroberts.com.br/2010/04/nora-roberts-trilogia-do-sonho-um-sonho-de-amor/ 

"- Faça o que sua mãe diz, pelo menos uma vez na vida. pode ficar surpresa ao descobrir que ela está certa. [...]"
"- Mamãe... porque não me mandou esse dinheiro para Milão quando sabia que eu estava no fundo do poço?"
"- Porque você ainda não estava preparada para recebê-lo. Cuide para estar agora."


sexta-feira, 15 de julho de 2011

13 Cascaes de Franklin Cascaes


 1. INTRODUÇÃO
“13 Cascaes” é livro organizado por Salim Miguel e Flávio José Cardozo.
A coletânea de contos em homenagem a Franklin Cascaes, com ilustrações de Tércio da Gama, faz parte da programação do centenário de nascimento do etnólogo e desenhista.
A hipótese de que alguma bruxaria teria impedido a publicação, planejada desde 2003, é levantada com humor pelos organizadores devido às inúmeras negativas de editoras e órgãos públicos. O encanto quebrou-se quando a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) assumiu o projeto de levar aos leitores as histórias de 13 Cascaes, narrativas curtas escritas por 13 escritores catarinenses - além de Salim e Cardozo, Adolfo Boos Jr., Amilcar Neves, Eglê Malheiros, Fábio Brüggemann, Jair Francisco Hamms, Júlio de Queiroz, Maria de Lourdes Krieger, Olsen Jr., Péricles Prade, Raul Caldas Filho e Silveira de Souza.
Nos contos, Franklin Cascaes entra para a ficção como protagonista ou figurante, numa concepção literária que revela uma espécie de extensão do trabalho do folclorista, que morreu em 1983. Cascaes ilustrava em suas obras a literatura oral relacionada a bruxas, feiticeiras, lobisomens e fenômenos encantados que faziam parte do universo ilhéu. O seu legado deu a Florianópolis o título de “Ilha da Magia”, influenciou outros artistas e mexeu com o imaginário dos escritores, como se vê nesta caprichosa edição coordenada por Dennis Radünz.
2. NOTA SOBRE O LIVRO – por DENNIS RADÜNZ
O que tens aqui, leitor, ao alcance das mãos não é apenas um livro.
Despede os teus olhos do papel impresso, desenho e palavra apenas, e segue ao supraterreno da ficção. Atravessa o espaço semidescoberto. E lê. Praças. Descampados. Praias. Ou ninhos de boitatás. São treze os “lugares de linguagem” em que se pode descobrir essa realidade mitopoética nascida em Franklin Joaquim Cascaes (1908 – 1983), o guardador maior da cultura popular da Ilha de Santa Catarina e dos litorais de ascendência açoriana, o etnólogo e o mitólogo, escultor, fabulista, desenhista.
São treze os escritores catarinenses aqui mudados em “cascaes”, no possível plural poético do substantivo cascal, que é o amontoado de conchas, casqueiro, o sambaqui ancestral. A mitologia local como antídoto a toda mitomania “global”.
“O livro é uma extensão da memória e da imaginação”, disse Jorge Luis
Borges. Este livro, “13 Cascaes”, objeto de imaginação, objeto de memória, é uma coleção de contos que se conjugam com as pesquisas públicas e as procuras pessoais de Franklin. Mesmo a memória da coisa vivida (como a ausência crônica da mulher, Elisabeth, no conto Dois Bandolins) alcança a condição do que é vivo no terreno do imaginado. Ou, no caso contrário, a imaginação tem memórias – em que tempo e lugar se passa o conto Mistério no Miramar? “13 Cascaes”, mais que um fascículo de ficções, é uma evocação. Mas evocação com ironia fina, como quando uma ‘oitava filha’ interpela Franklin e advoga sua condição de não-bruxa (Talvez a primeira e última carta) ou quando bruxas desenham, em uma aparição feérica, o apavorado ‘perguntador’ da cidade (O Folheto). Ou as bruxas são erotizadas na maternidade de seres imaginários (Uma noite de profunda insônia solitária) ou assumem a condição de mulher autônoma no patriarcado das famílias: quem se rebela é bruxa? (História praiana). E havia, em outra época, a mulher-bruxa que se emancipasse, como no conto O diário da virgem desaparecida.
encruzilhadas que, leitor, deves cruzarLeva contigo um ramo de ervas, os
O conflito entre as tradições ilhoas e o seu apagamento sob a pletora urbana está presente também no presépio de Cascaes estranhamente dessacralizado (O presépio), na conjuração de bruxas que imprecam contra a moderna medicina (O abençoado), ou no relacionamento animoso e amoroso entre a antropóloga incrédula e o defensor do que é nativo (Noites de encantamento). Pesca de arrastão como portrait antropológico (Ao Entardecer) ou a antiga embarcação como pretexto para a realidade paralela ( O “Minha Querida”) são parte deste percurso. E a memória de uma infância, na Ilha antiga, encontra áreas de profundidade humana (Branco assim da cor da lua). “13 Cascaes” está presente: treze são as suas carnações. E treze as olhos acesos, duas ou mais descobertas. Treze é o número do que é fadórico.
2.1 – AINDA SOBRE O LIVRO
São 13 (na melhor adequação buxólico-cabalística) os contistas que integram e constroem esse autêntico relicário da mitologia ilhoa, dado à vida pelo bruxólogo Franklin Cascaes, ou então recompõem, em corpo amplo, o grande mito-mitólogo Franklin Cascaes, de incomensuráveis méritos para a tradição açoriana. De leitura tão agradável quanto enriquecedora, os 13 contos, desdobram facetas múltiplas do gênio bruxo e a herança que nos legou, entrelaçando com habilidade ficção e realidade.
Os mestres do conto catarinense assumiram um desafio inusitado: incorporar à ficção a conhecida personalidade real de Franklin Cascaes, prestando-lhe digna homenagem. Se não é habitual nem conveniente submeter o artista a assunto encomendado, saíram-se os escritores de maneira digna de aplauso. (texto adaptado de http://floripamanha.org, acessado em 20/01/2009)
3. CONHEÇA FRANKLIN CASCAES
Franklin Joaquim Cascaes nasceu na localidade de Itaguaçu, quando ainda pertencia ao município de São José da Terra Fime, em 16 de outubro de 1908. Cresceu em contacto com a pesca e com a pequena agricultura desse lugar habitado por açorianos.
Para este povo, o ano estava dividido em épocas: época de pescar, de preparar a terra, de colher, de trabalhar no engenho de farinha de mandioca conjugado com o de cana – de – açúcar.
Faleceu na Ilha de Santa Catarina, terra tão venerada por ele, no dia 15 de março de 1983. Fez estudos nas escolas de Aprendizes de Artífices, depois Escola Industrial de Santa Catarina, onde chegou a ser professor. Como artista, foi autodidata.
Utilizou todo o seu talento para registrar com a escrita, o desenho, a escultura, o artesanato, todo o universo legado pelos antigos colonos açorianos através dos seus descendentes, dos quais foi um dos seus maiores representantes. O grande acervo deixado por Franklin Cascaes dá-nos a certeza de que foi um dos maiores defensores da tradição popular ilhoa. Na sua paciente pesquisa, desenvolvida ao longo de trinta anos, conseguiu salvar a memória da cultura popular de Santa Catarina.
Cascaes foi um estudioso atento da cultura popular de raiz açoriana na
Ilha de Santa Catarina, com destaque para o imaginário bruxólico que resistiu até meados do século X.
O bruxo do bairro Itaguaçu registrou traços da cultura popular ilhoa por meio de desenhos, esculturas e textos. Boa parte desses artefatos culturais foi reproduzida no livro “O fantástico na Ilha de Santa Catarina” (Editoria da UFSC), organizado, entre outros, por Gelcy José Coelho – o Peninha.
Além de ter sido estudioso da cultura popular, Franklin Joaquim Cascaes foi professor de ensino industrial básico na Escola Industrial de Florianópolis – hoje Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC).
4. OS CONTOS
4.1 – O PRESÉPIO – Adolfo Boos Jr.
Tema central: O conflito entre as tradições ilhoas e o seu apagamento sob o excesso de urbanidade no presépio de Cascaes que é estranhamente dessacralizado.
Lentamente chega o caminhão, que carrega um idoso condutor e três homens. Chegam perto da figueira e descarregam, peça por peça, o presépio.
Começa a montagem e os passantes começam a atrapalhar o trabalho e o moço da montagem pede aos seguranças que tirassem o povo dali.
O jovem deveria montar o presépio de acordo com a fotografia do ano anterior, mas deu um toque pessoal, mudando a posição de um dos carneiros, “estética, meu amigo, estética”.
ordena que tudo volte ao lugar de origem, “São José foi apeado do camelo e
Quando chega a noite, o jovem decide mudar tudo de posição, afinal ficaria muito melhor, mas para seu espanto, no outro dia de manhã, todas as peças voltaram ao lugar correto. Estética New age e o moço insiste nas modificações, não adianta o povo reclamar. Surge o encarregado do museu que fica horrorizado com a situação porque Baltazar largou a mão de Maria, deixou de ameaçá-lo com o cajado, tiraram a camisa do Avaí de Gaspar, recolocaram a capa nos ombros de Melchior que, por sua vez, desistiu de tourear a vaquinha.” (p.27)
Professor Cascaes fosse vivo...ai deles
Um velhinho sai andando, feliz, dizendo “Eu sabia!” (p.27)
O moço reclama que todos os dias colocava Jesus sobre uma árvore e de manhã ele estava novamente na manjedoura e alguém lembra que se o A montagem de O Presépio, de Adolfo Boos Jr., em tempos natalinos, sob a figueira da Praça, apresenta o processo mais importante do que o processado, talvez exatamente porque está ausente a figura de Cascaes. Distante modelo original perdido, o criador sempre em renovação, todos exigem seu direito de opinião “estética”, como em futebol todos se julgam técnicos. É o implícito que clama!
4.2 – UMA NOITE DE PROFUNDA INSÔNIA – Amilcar Neves
Tema central: Bruxas são erotizadas na maternidade de seres imaginários.
“Foi numa sexta-feira, numa noite de profunda insônia solitária.” (p.29)
O narrador diz que mora ocasionalmente na Ilha 19 e que encontrou seu vizinho que mora na Ilha Júlio Moura, 31, o primeiro é solteiro e o segundo, Franklin Cascaes, é casado e eles estão nos distantes anos 60 ou setenta.
A rua está deserta, um ou outro cachorro perdido e os dois se encontram e caminham despreocupados até a Lagoinha do Jacaré do Rio Tavares onde acredita-se ser uma “maternidade tatarina”, um “ninho de boitatás”.
A noite é perfeita e o Franque declama uma quadrinha:
Ilha das velhas faceiras E, também, das moças prosas As bruxas dos teus encantos São lindas que nem as rosas
Confessa o narrador acreditar que as bruxas da Ilha são absolutamente horríveis e Mestre Francolino afirma: “- Quase isso. Na verdade, apenas metade desse pessoal todo é que insiste em atestar que as bruxas são do jeito que descreveres. Apenas aquela metade diretamente interessada no assunto:
as mulheres, as nossas mulheres, que temem a concorrência imbatível.” (p.32)
Logo avistam um grupo de mulheres, que abanam o rabo para o vizinho do narrador: “Franculino, meu lobisomenzinho de estimação!” (p.32)
Uma linda bruxa negra aproxima-se, dá um beijo em Cascaes, nota o narrador que todos estão nus.
Ao retornarem para casa, pela Mauro Ramos, fala Franklin:
“- A vida é assim mesmo, meu jovem amigo. Por diversos motivos não temos como compartilhar com os outros os nossos melhores momentos. Nem mesmo sendo um escritor de ficção: primeiro porque ninguém vai acreditar em ti e, se tiveres a intenção de falar a sério , corres um riso considerável de ver a tua reputação arruinada sem remédio.” (p.3)
Neste conto, o autor reconstrói um encontro com o próprio Franque, colocando em xeque variadas questões: Bruxa existe ou não? Escritor terá “a intenção de falar sério”? O que é a verdade? A ficção engloba personagens reais, ou a realidade se compõe de personagens ficcionais? Criador e criatura podem conviver?
4.3 – HISTÓRIA PRAIANA – EGLÊ MALHEIROS
Tema central: Bruxas assumem a condição de mulher autônoma no patriarcado das famílias, então, quem se rebela é bruxa?
“Partos a termo tinham sido doze, criou cinco.” Docelina é mulher de pescador, está casada há 20 anos, já passou muita fome, está feia, pelancuda e seu marido é absolutamente controlador: não permite ‘modernices’, como ir ao Posto de Saúde e ele é o guardião do título de eleitor desta mulher sofredora.
Ele, o marido, chamado Armando, é dado à bebedeiras, bailões e bate na esposa.
Entretanto, nos últimos tempos, aos sábados, Docelina tem comparecido ao posto de saúde para umas palestras sobre a valorização da mulher e seu trabalho. À noite, os homens comentam no bar que as bruxas estavam virando a cabeça das mulheres; diz um dos homens: “- Bruxas é que elas são. Aquele professor da Escola de Artífices, que vivia escutando essas histórias, devia sair do túmulo para conhecer as verdadeiras, as dele não assustam mais ninguém.”(p.38)
e pedir sua parte no terreno.” (p.38)
“Tudo culpa das bruxas que vieram da cidade bagunçar as idéias de nossas mulheres. A Docelina ontem me enfrentou, se eu for para o bailão e encher a cara ela vai embora; pior, vai querer abrir inventário da herança do pai
Armando afirma gritando “Os da antiga tinham razão, bruxas, bruxas, existem e são de assustar.” (p.39)
Enfim, Eglê Malheiros, retrata neste conto Docelina e seus 12 filhos, reduzidos a cinco, ou a quatro e meio, consolando-se com seus “anjinhos, almas puras”, sem deixar, porém, de refletir “por que só filho de pobre vira anjinho?”. Enquanto as “modernices” a aliciam, seu marido Armando lança a contrapartida: nessas “modernices” estão as “bruxas”, “da pior espécie”, como diria, se presente estivesse, Aquele professor da Escola de Artífices! Certamente ficaria estarrecido.
4.4 – O “MINHA QUERIDA” – Fábio Brüggemann Tema central: Antiga embarcação como pretexto para a realidade paralela.
O rapaz estava começando a se despedir de uma vida muito dura de garçom . “Agora, além de dar adeus ao “Minha Querida”, não tem que adivinhar mais, pela cara, roupa e conversa do freguês, o quanto será a féria, extraída dos mal contados dez por cento, no fim da noite, às vezes começo da manhã”.”(p.41)”.
Não precisaria mais comprar terno de brechó, podia dar adeus às lojas de um e noventa e nove onde comprava a decoração de sua casa depois que os pais morreram no naufrágio do “Amália”; aliás, após a morte da esposa do armador, ele comprara um novo barco com o nome “Minha querida Amália”, mas pouco depois, casou-se novamente e mudou o nome para “Minha Querida”.
Mas o que deixava nosso jovem mais feliz com sua nova vida era não passar mais em frente ao cemitério que ele jurava ter visto assombrações.
“Um dia, quando ainda trabalhava no restaurante, chegou para jantar o seu Francolino.” (p.43)
O garçom pediu para o patrão apresentá-lo ao professor que ouviu a história do rapaz e achou graça, mas afirmou que iria até o cemitério para mostrar a farsa das almas penadas.
Seu Francolino mostrou que “o barulho era de uma árvore que balançava quando havia vento e raspava os galhos no muro. E a imagem era a sombra da mesma árvore no mesmo muro branco, iluminada pela mesma luz de um poste.” (p.4)
Depois da explicação, o professor foi embora e o rapaz foi com uma moça ao cemitério e visitaram uma lápide bem iluminada pela mesma luz que assombrava o muro e acharam a inscrição: “aqui jaz Amália Rodrigues da Silva (1921-1974)” (p.4)
O rapaz concluiu que era a dona Amália do Minha Querida, e no sábado seguinte comprou o bilhete 1921 e ficou rico.
Mudou de vida, casou-se com a moça, e agora vai todos os sábados ao túmulo de dona Amália, que nasceu, para a sorte do rapaz, em 1921.
Examinada criticamente a história do marido de Amália (no naufrágio do
“Amália”), insinua-se a história do cemitério assombrado, quando o seu Francolino mais desfaz crendices do que recolhe causos.
4.5 – DOIS BANDOLINS – Flávio José Cardozo
Tema central: A memória da coisa vivida (a ausência crônica da mulher, Elisabeth).
final do expediente, “amanhãtu bem sabes...”, e as palavras pararam, mas
“Amanhã não venho trabalhar”, o professor disse ao auxiliar Peninha no nem foi preciso dizê-las: Peninha botou a mão no ombro dele e bastou isso para mostrar que se lembrava muito bem de que amanhã, 30 de abril, eram mai um aniversário da morte de Dona Beth”. (p.47)
O professor dormiu pensando em passar aquele dia especial entre seus desenhos, escritos, esculturas e os crochês, músicas e flores de sua amada falecida mulher que adorava tocar uma modinha de bandolim quando viva e moradores daquela mesma casa da Júlio Moura.
Nas o professor decidiu que seria melhor trabalhar no Museu, lá Beth seria mais viva. O dia foi normal e após o expediente, o professor saiu sem pressa com seu TL verde.
Pelas onze e meia ouviu sons, sim era músicae de bandolim!!! Foi
À noite, sua fiel empregada Ana pôs a mesa, ele sentou no sofá e começou a pensar em bruxas: a Irinéia das Dores, a Virgilina e as três filhas, Demetra, Canda Mandioca, Nica Besuga, Sinhá Bidica e outras. para fora de casa ver o que era.
Quem tocava o instrumento não era Beth. “Seca como um longo graveto, murcha e feia que nem os sete pecados capitais, quem tocava o bandolim não era Beth, não, diabolicamente não, quem tocava não era outra senão a bruxa bandolinista da Orquestra Selenita Bruxólica que certa noite, conforme o professor numa andança pela Ilha e depois fixou numa de suas histórias assombrosas, apareceu ao pescador Geraldo Sem Medo no Retiro da Lagoa.” (p.50)
A bruxa horrorosa gritava para que Franklin esquecesse sua Beth, que ela estava morta.
O professor não sabia se invoca contra a megera segredos exorcísticos ou deixava a bruxa ali mesmo. Optou pela segunda.
Quando entrou em casa apareceu-lhe sua amada esposa, tocando a
Ave-Maria de Schubert em seu bandolim.
“Um vento, um bafo, pela Júlio Moura afora foi aquele desarvorado vôo de bruxa, sobre o qual o professor, discreto, nunca escreveu – que um outro curioso por casos raros o fizesse...” (p.51)
Enfim, em tom poético, sensual e transfigurador, o conto restitui-nos um dia de ausências, saudades, revivências de um Cascaes de certa forma já desprendido do solo rude e entremostrando dimensões sublimadas, nos seus amores com Beth, amores que, se foram estéreis em relação a filhos, multiplicaram-se na afeição mútua, a ponto de, falecida ela, somente salvá-lo da solidão o “bendito Museu da Universidade”, nesses “quatro anos sem Beth e sempre com ela”, cena plenificada com a bruxa bandolinista sublimada e fundida na “soberana” Beth, “bandolim silencioso na mão direita”.
4.6 – BRANCO ASSIM DA COR DA LUA – Jair Francisco Hamms
Tema central: A memória de uma infância, na Ilha antiga, encontra áreas de profundidade humana.
“-Sabe quem morreu? O Orlandinho, filho da dona Zenilda. (...) O seu
Orlando saiu agorinha para comprar um caixãozinho. Ele e o professor Franklin Cascaes, que assim que soube, correu para lá. (...) O Orlandinho por quem a mamãe lamentava era albino.” (p.54)
Este menino viveu seus poucos 1 anos sofrendo, ora contra a bronquite, ora com asma. Era filho do negro Orlando da Purificação e da dona Zenilda, linda negra.
O narrador que confessa ter sido seu vizinho, conta das perseguições ao menino, inclusive quando o chamavam de “barata descascada” e na escola Orlandinho não saía para o recreio para não ser mais humilhado ainda e ficava desenhando.
Certo dia apareceu a professora dona Florentina com um homem até então desconhecido, era o professor Franklin Cascaes, que viera conhecer o Orlandinho e seus desenhos.
O professor ficou muito impressionado com a qualidade dos desenhos e prometeu matricular o menino na escola particular da professora Jurema Cavallazzi e no ano seguinte na Escola Industrial onde ele lecionava.
Pela primeira vez o menino sorria e parecia feliz. A escola era longe e quando o menino se cansava seu pai o levava no cangote. Na hora do recreio, Orlandinho desenhava os colegas ou heróis dos quadrinhos e era um sucesso.
Mas esta felicidade só durou três meses, pois no dia 10 de julho,
Orlandinho morria, vítima de insuficiência respiratória.
Gama e o Adolfo Boos e a parteira dona Vicentina e lembra que foi ali, “
O narrador descreve a sala e os que estão no velório como o Tércio da pouco mais de 1 anos, ali mesmo, num quartinho ao lado da sala, à luz de um lampião, fora a primeira pessoa a ver e a segurar ‘aquele menininho branco branco branco, branco assim da cor da lua’.” (p.57)
O escritor, em cena de bastante intimismo poético, concentrada na morte do menino Orlandinho, filho da negra dona Zenilda, Branco assim da cor da lua, fazendo várias “personagens”, além de Cascaes (de ares ponderados e humanitários), transitarem do real para a ficção: Tércio da Gama, Adolfo Boos, o próprio autor-narrador - todos “rapazes pequenos”, moradores a Rua Bocaiúva, há décadas passadas.
4.7 – O ABENÇOADO – Júlio de Queiroz
Tema central: Conjuração de bruxas que amaldiçoam a moderna medicina.
“Malina olhou ao longe. – Há mil anos que venho recomendando a
Pestina para aprender a chegar na hora combinada. Peste de bruxa que sempre se atrasa! – comentou com o gato preto empoleirado no seu ombro esquerdo.” (p.59)
As bruxas começaram a se reunir, algumas contando as malvadezas que estavam aprontando. Ao total eram sete, como deveria de ser.
Malina, convocando as bruxas, apresenta o motivo da convocação daquela reunião: “com essa história de progresso, de médicos aos montes e uma farmácia em cada canto e em cada farmácia mil remédios para tudo, nós estamos ficando mais que desmoralizadas.” (p.60)
As bruxas concordam e apresentam exemplos de jovens que não acreditam mais em benzeduras e que preferem buscar a solução médica.
Decidem então, que na próxima reunião, trarão soluções para o problema.
“Uma lua depois, caindo um Vento Sul fortíssimo, as bruxas começaram a chegar. Malina não foi a primeira, mas também não foi a última. Como só faltava a Pestina, Malina deu a sessão por aberta e quis saber o que é que suas irmãs haviam elaborado.” (p.61)
Pestina chega toda alvoroçada e diz que se atrasou porque viu em um lugarejo chamado São José um marido e uma mulher “...querendo fazer aquelas coisas” (p.62) e que estavam lá três fadas disfarçadas de rolinhas e estavam abençoando o fruto daquele amor, afirmando que nasceria um menino
Uma das bruxas apressou-se em dizer que era necessário matarem o
no dia 16 de outubro de 1908, que chamar-se-ía Franklin e que ele preservaria a cultura daquele lugar, bem como as histórias de bruxas. menino, mas Malina, a bruxa chefe diz: “- Não seja burra!...A gente não queria ser lembrada? Pois aí está o menino que vai cuidar para que a gente não morra na memória das pessoas.” (p.63)
As outras bruxas concordaram e cada uma foi embora para seu destino. Então, este conto acaba colocando em foco um autêntico congresso bruxólico, com o objetivo de se tomarem resoluções eficazes para deter o crescente descrédito com que as bruxas vêm sendo tratadas, tudo “culpa do tal de progresso”, bem como projetando, entrementes, as malignidades por elas forjadas, a bruxa Pestina relata cena ocorrida em São José, onde três fadas comentavam a concepção e o nascimento futuro de um menino que registrará todas as estórias, lendas, costumes, bruxas e bruxedos da região…
4.8 – AO ENTRARDECER – Maria de Lourdes Krieger
Tema central: Pesca de arrastão como retrato antropológico
“A chuva bate nas costas desnudas dos pescadores a puxarem os cabos da rede do arrastão.” (p.65)
Veranistas pedem por peixes, assim como Onofre, pescador já velho, mas que atua como olheiro em busca de cardumes.
Ele não gostava muito das mudanças que trazia o verão: turistas, os corpos desnudos, o alarido e os costumes estranhos e seu amigo avisa que aquela destruição toda traria sérias conseqüências.
Este amigo aparecia sempre com folhas de papel e lápis numa pasta de couro e com ele Onofre aprendeu a valorizar o chão em que vivia.
Desterro
O alvoroço da chegada das embarcações termina e Onofre agora volta a procurar cardumes e lembra de seu amigo Franklin:”vejam os manguezais..” (p.67) e El sorri, pois sabe que este amigo deve estar contando histórias fantásticas para aquela a quem ele rendia homenagens: Nossa Senhora do Este conto condensa uma cena ou instantâneo na vida praieira: a chegada dos pescadores com seu escasso produto, que é vendido para a divisão dos lucros, enquanto o “olheiro” Onofre lembra o amigo (não será preciso dar seu nome!) que tanto advertira sobre mudanças nefastas do progresso sobre essa ilha “embruxada pelo capitalismo e pelos gananciosos”.
4.9 – O DIÁRIO DA VIRGEM DESAPARECIDA – Olsen Jr.
Tema central: A mulher é bruxa quando se emancipa
“Tenho o hábito de recortar matérias de jornal que possuam qualquer coisa de singular, inusitado, insólito, original, curioso, enfim, algo capaz de compor a natureza humana além da mesmice cotidiana.” (p.69)
O narrador conta que leu uma manchete na véspera do Natal de 1978 –
Adolescente desaparece sem deixar vestígios – ela era uma estudante na lagoa da Conceição e o pai, indignado, afirmava que a filha tinha sumido na mesma data que um estranho gringo fizera também o mesmo.
A história não teria nada de especial, mas dez dias depois foi apresentado um diário, pela amiga da jovem que desaparecera. Este diário chamou a atenção do narrador que foi até a casa da moça e pediu uma entrevista com a mãe.
Conseguiu ele ver a caderneta, mas não havia como emprestá-la e ele resolveu copiar as informações, cerca de dezessete anotações de página e meia cada, com apenas uma data: dia 4 de novembro.
Quando já havia terminado, chega o pai da moça, aparentemente embriagado e joga a caderneta no fogo, afirmando tratar-se de um ritual para libertar a filha do embruxamento ou como dizia o professor Franklin Cascaes, do fado bruxólico.
Flores, alto, moreno, espadaúdo, gostava de fazer pães e era vizinho da moça
Descobre-se então que o nome do gringo era Raphael Constanzo
Ele havia decidido ser professora e com o tempo, aproximou-se naturalmente do jovem e a amizade transformou-se em paixão. Um dia acontece o inevitável e os dois fazem amor. No mês seguinte, a menstruação não veio e Raphael não se mostrou surpreso e acertou que os dois iriam para Curitiba.
No dia 04 de novembro ela recebe uma folha de jornal com uma edição especial a respeito de Franklin Cascaes. Ela lê a notícia e vê o desenho de uma galinha choca.
A reportagem apresentava informações sobre as bruxas da ilha: que elas tinham uma vida melhor se comparadas àquelas perseguidas pela Inquisição e que todas elas acreditavam que podiam voar, que possuíam poder sobrenaturais, poderes de curar, matar, de mudar as condições climáticas...”também se ufanavam de ter relações sexuais com os demônios íncubos e súcubos. Ìncubo (por cima) e súcubo (por baixo). Os demônios se transformavam oram em homem (íncubo) oram em mulher (súcubo). Para a transformação o demônio deveria roubar o esperma humano, o que conseguia durante o sono, através da masturbação. As bruxas reclamavam que este esperma era muito frio, que eles tinham um membro muito ereto, mas sem sabor, porque frio.” (p.75)
A mesma reportagem ainda fala sobre uma galinha que perseguiu um pescador e ele bateu nela, quebrando-lhe o braço e no outro dia apareceu Merência, com uma tipóia no braço. Então deram um surra naquela mulher e lhe jogaram água e sal, para tirar o fado bruxólico.
fuga na véspera do Natal
Depois disso, a moça tem alguns sonhos com bruxas e decide pela sua
“O diário terminava ali, Ah! Quase esqueço! O filho da Sibele (este é o nome da moça que fugiu) com Raphael, um rapaz moreno de olhos verdes chama-se Nathan, tem quase vinte e cinco anos, cursa engenharia e até acha graça quando associam o seu nascimento a um forte cheiro de enxofre no ar, é o sinal dos tempos, afirma, embora hoje ninguém acredite mais em bruxas; mas que elas existem, existem.” (p.7)
Assim, retomando em boa ótica a crendice bruxólica nesta Ilha da
Magia, bem como um fato nada estranho às tradições açorianas (a fuga - rapto de adolescente), um caso de “fado bruxólico” se corporifica no sintético diário, astuciosamente reconstituído por ardis do narrador, que vai desfiando os fios dessa meada de aparência policialesca.
4.10 – TALVEZ A PRIMEIRA E ÚLTIMA CARTA – Péricles Prade
Tema Central: Uma ‘oitava filha’ interpela Franklin e advoga sua condição de não-bruxa.
O conto, em modelo de carta começa assim: “Desterro, 14 de março de 1983. Seu Franklin...” (p.79)
A moça chamada Benta diz-se indignada, pois após uma afirmação em
“Bruxas Gêmeas”, conto do livro “O Fantástico na Ilha de Santa Catarina” datado de 1950 ela tem passado por bruxa, apesar de nunca ter feito nenhum mal a ninguém e que seu único gostinho é ficar nua, assim como gostam as bruxas quando é sábado.
Benta relata que é gêmea de Santa e que seus pais já tinham seis filhos e que todos sabem que quando nasce o sétimo, se for menina, será bruxa.
Seu pai, quando soube que a parteira, Custódia do Chico Pelego, esqueçera de marcar quem era a sétima, para chamar de Benta e livrá-la do mal, decidiu recorrer a Candinha Miringa, benzedeira e curandeira, mas de nada adiantou, pois seu Manoel Braseiro, não sabia responder quem era a filha bruxa. A benzedeira, então, pediu ajuda de Lúcifer, seu chefe. O problema é que Belzebu apontou Benta como bruxa e como ele sabia que ninguém acreditava nele, acabaram por desfazer o mal em Santa, o que de nada adiantou.
Ao final, Benta acha graça da armadilha do demo e pede que o Sr.
Cascaes mude o seu texto, caso contrário “Se até amanhã, dia 15, eu não for atendida, mudando o que deve ser mudado, morrerá para jamais voltar a cometer equívocos dessa natureza. E para aprender que não só as bruxas fazem mal.” (p.81) O criador (ou compilador) não fugia do poder das criaturas!
4.1 – NOITES DE ENCANTAMENTO – Raul Caldas Filho
Tema central: Relacionamento animoso e amoroso entre a antropóloga incrédula e o defensor do que é nativo.
Um menino ouve, na noite que avança, histórias fantásticas de monstros, bruxas lobisomens até que sua mãe ordena que ele vá dormir.
O menino brinca de modelas na areia aquelas noites de encantamento, ele é Franklin, 10 anos.
Após um mês da morte de Franklin Cascaes em maio de 1983, Ricardo recebeu um telefonema de uma jornalista carioca querendo uma entrevista sobre nosso professor
Seu nome era Natasha, uma bela mulher, de seios pontudos e corpo esguio.
Ricardo levou-a até o Museu para apresentar as pinturas, desenhos, livros, pequenas esculturas de cerâmica e falou sobre as velhas crenças açorianas e principalmente sobre bruxas e como elas nascem.
Natasha parecia desdenhar das histórias e Ricardo acha que ela é uma “...racionalista-cartesiana, chata e presunçosa.” (p.85) e quanto mais conhecia do trabalho de Cascaes mais ela achava tudo aquilo crendice de baixo extrato, sem o menor valor para antropologia.
Ricardo lembrou-se de Sinhá Vitelina, uma velha curandeira e levou
Natasha para conhecê-la. A velha afirmou: “ bruxaria é a maldade que ainda domina o mundo e se aloja na cabeça das pessoas. É o ódio, a inveja, o despeito, a luxúria, a violência, a maledicência...” (p.86)
Natasha e Ricardo voltaram para o carro e ficaram um bom tempo sem falar. Ela pediu que ele parasse em uma enseada, às margens da baía Sul. Começaram a trocar carícias mais que picantes e foram caminhar por um descampado.
Natascha interrompeu Ricardo e disse: “ Meus pais vieram da Ucrânia para o Brasil, fugindo dos horrores da Segunda guerra Mundial. Estabeleceram-se no Rio de Janeiro e tiveram sete filhas. Eu fui a sétima. Interrompeu-se mais uma vez e acrescentou, enigmática: sou então uma bruxa.” (p.87)
Noites de encantamento, de Raul Caldas Filho, confirma que bruxas não povoam apenas a Ilha de Santa Catarina, pois, cerca de um mês após a morte de Cascaes, veio à Ilha Natasha, sétima filha de um casal que viera ao Rio de Janeiro, fugindo dos horrores da Segunda Guerra Mundial na Ucrânia. E veio com todos os direitos.
4.12 – MISTÉRIO NO MIRAMAR – Salim Miguel
Tema central: A imaginação tem memórias
“Atravessou correndo a Praça, ofegante e trêmulo entrou na cozinha adentro, onde a mãe preparava o café, e mal conseguiu murmurar: - Ma-mãeo-cor-po-o-som...” (p.89)
O menino contou que estava no Miramar e viu um corpo e uma voz insistindo para ele falar com o Franklin.
O corpo foi levado ao necrotério e o Dr. Luís Delfino vai fazer a autópsia e já no outro dia os jornais noticiavam “MISTÉRIO NO MIRAMAR. “
Ninguém sabia quem era o homem que estava sem dinheiro, documentos, apenas um lenço no bolso e uma pasta de couro, com as letras JCS, amarrada ao pulso.
O pai e o menino foram até a delegacia, pois o pai conhecia o comissário Várzea. O garoto recontou o que ouviu sobre falar com o Franklin e Virgílio, o escrivão, disse que havia o professor da Escola Industrial.
O professor não sabia de nada, apesar do menino Ernani ouvir seu nome e o cadáver possuir um desenho que poderia ser seu.
Subitamente Cascaes revela que alguns dias atrás um homem lhe fizera um pedido estranho de um desenho: “...suas bruxas, com inteira liberdade, a única exigência é nas caras, uma deve lembrar Cruz e Sousa, outra a noiva Pedra, a terceira a esposa Gavita, a quarta, com cinco cabeças: Julieta, Carolina, Cruz, Gavita, Pedra.” (p.93)
Franklin explicou que o rapaz só buscou o primeiro desenho e quando
Ernani viu o segundo desenho tomou um susto, dizendo que era aquele ser que o perseguiu no Miramar.
Também lembrou-se nosso professor que o nome do indivíduo era João, que tinha estado em um hotel, mas que ninguém sabia de seu paradeiro e que quando foi ao Hotel La Porta só encontrou nomes como (repare que são de poetas):Andrade Muricy, Tasso, Alceu, Alphonsus, Abelardo, Raymundo, Roger. Cascaes afirma ao delegado que estas coisas misteriosas são típicas,
“... são tudo coisas desta Ilha misteriosa e embruxada.” (p.94)
O comissário Várzea e o escrivão Virgílio continuaram suas buscas, falam com o motorista do caminhão-do-lixo Santos Lostada, mas nada encontraram.
O menino Ernani, certo dia, quando lia Broquéis, de Cruz e Sousa, viu passar uma bruxa enorme de cinco cabeças, ela deu um vôo rasante pela Praça XV e se perdeu pelos lados da Ponte Ercílio Luz.
filosofia.” (p.95)
Lembrou-se do professor Franklin: “Neste mundo absconso, como disse o Poeta, há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã
Neste conto, Franklin Cascaes participa, como personagem, de vários relatos. Mistério no Miramar, de Salim Miguel, aparenta ingredientes policiais, concentrado num corpo misterioso recolhido nas águas junto ao Miramar. Há um sutil refinamento que aponta para prodigiosa riqueza intertextual dos nomes das personagens, a partir dos traços essenciais de Franklin Cascaes, da figura de JCS (João da Cruz e Sousa) e do seu círculo de amigos: Virgílio Várzea, Araújo Figueredo, Santos Lostada, Oscar Rosa, Luís Delfino (alguns desdobrados), seus pais Carolina e Guilherme e suas amadas Pedra e Gavita, além da angelical Julieta (dos Santos), aos quais se somam os admiradores e estudiosos do Cisne Negro: Nestor (Vítor), Andrade Muricy, Tasso (da Silveira), Alphonsus (de Guimaraens), Abelardo (Montenegro), Raymundo (Magalhães), Roger (Bastide).
4.13 - O FOLHETO – Silveira de Souza
Tema central: Bruxas desenham, em uma aparição feérica, o apavorado ‘perguntador’ da cidade.
“Tudo aconteceu no final dos ano 50 ou início dos anos 60, não lembro muito bem.” (p.97)
O narrador possui uma pequena gráfica e leciona matemática para sobreviver. O amigo Maurício apareceu com a idéia de fazer um folheto de 16 páginas sobre as bruxas de Franklin, imprimiriam 200 exemplares e rachariam a venda.
O narrador lecionava no mesmo colégio do professor Franklin e em um intervalo de aula apresentou seu projeto e emprestou algumas de suas anotações e passou o endereço de um amigo, o Zeferino, de Pontas das Canas.
“- Mas o senhor, professor Franklin, acredita em bruxas? -Eu acredito na mente das pessoas, que cria tudo o que elas acreditam. (...) meu trabalho é o de apenas anotar as histórias que esse povo conta.” (p.9)
Maurício achou ótimas as histórias e a idéia de visitar no sábado à tarde o Zeferino, mas o narrador foi sozinho, pois seu amigo foi para Curitiba.
Zeferino era um homem simples que recebeu muito bem o entrevistador, o problema foi que começou a cair uma chuva forte. “ – O senhô vai ficá nesta casa até a chuva passá, mesmo que dure três dia – falou Zeferino.” (p.101)
A conversa dentro da casa foi trivial até que Zeferino foi perguntado sobre duas réstias de alho penduradas na parede da sala e sua esposa informou que eram proteção contra as bruxas e que ele deveria ficar também com um dente de alho.
Relataram ao narrador que o filho deles, o menino Pedro, já estivera embruxado e que dona Luiz Benzedera conseguira salvá-lo com uma reza assim:
Treze raio tem o sóli/treze raio tem a lua./Sarta diabo pro inferno/ qu’esta alma não é tua./tosca marosca, rabo de rosca/ (...) (p.103
A conversa seguiu até a hora de dormirem e a noite foi de pernilongos e já pelas cinco e meia da manhã o narrador estava de pé.
Ele se despediu e foi pelo lado da praia e pelo caminho encontrou uma baleeira com um abrigo e ficou aterrorizado ao ver “...três velhotas dentro da baleeira, muito altas, magras e feias, que fingiam remar remos invisíveis e faziam uma tremenda algazarra. Um pouco adiante, a dois passos da baleeira, numa árvore enorme e de tronco grosso, outra velhota do mesmo tipo ia e vinha, sentada num balanço preso por cordas trançadas e amarradas a um dos galhos.” (p.105)
As bruxas ameaçaram: “- Lá vai o istepô de bundinha branca! Tá dizendo por aí que vai falá da gente! (...) – Vamo enfiá um remo no rabo desse maroto!” (p.105)
O folheto nunca foi publicado, Maurício não voltou de Curitiba e só agora, anos mais tarde, Silveira de Souza confessa ter coragem de contar o ocorrido e reza para que ninguém acredite. 


Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAUYoAI/resumo-livro-treze-cascaes

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Persuasão de Jane Austen

"Persuasão" foi o último romance de Jane Austen (1775-1817),  escrito após terminar seu outro livro "Emma" e  concluido em 1816. Mas, foi somente publicado  em 1818 e pode ser associado a outro livro  seu "A Abadia de Northanger", pois além dos dois livros terem sido originalmente publicados em um único volume, ambas as histórias são situadas na cidade de Bath, um balneário termal onde Jane Austen viveu de1801 a 1805.
A história destaca os amores de Anne Elliot que se apaixonara pelo pobre, mas ambicioso jovem oficial da marinha, capitão Frederick Wentworth. no entanto, a família da moça é contrária à relação de ambos e  fazem  com que o relacionamento seja rompido. Após muitos anos ambos se reencontram , mas Frederick,  agora rico, corteja  uma amiga  de Anne, Louisa Musgrove. 
[...] os olhares que ora pareciam fugir, ora pareciam cravar-se nela com tanta expressão, tudo,tudo, declarava no mínimo que o coração dele estava voltando a ser dela; que a raiva, a mágoa, e repulsa não mais existiam, e que haviam sido substituídas não simplesmente pela amizade e pela consideração, mas pela mesma ternura do passado."
"Com certeza, se houver uma afeição constante, nossos corações não tardarão a se compreender.Não somos crianças para nos irritarmos caprichosamente ou sermos iludidos pelos equívocos do momento, brincando levianamente com a nossa própria felicidade."
"[...] Não me diga que é tarde demais, que tais preciosos sentimentos se foram para sempre.Eu volto a me oferecer a você, com um coração ainda mais seu do que quando você quase o partiu, oito anos e meio atrás. [...] Só a você tenho amado.Posso ter sido injusto, fui fraco e ressentido, mas nunca inscontante.[...]"

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