quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As Relíquias sagradas de Hitler - Sidney D. Kirkpatrick


Na Alemanha devastada pela Segunda Guerra Mundial, um grande mistério envolve as obras de arte e as antiguidades roubadas pelos nazistas. 

Este livro (Gmt Sextante, 2011), do documentarista e historiador Sidney D. Kirkpatrick conta, de forma emocionante, a história real do tenente e historiador da arte Walter Horn em busca das obras de arte e objetos históricos roubados pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Pouco antes da invasão da Alemanha pelas forças aliadas, um bunker secreto foi cavado sob o Castelo de Nuremberg. Dentro dele, uma câmara especial continha os tesouros saqueados que Hitler mais valorizava: as Joias da Coroa do Sacro Império Romano e a Lança Sagrada, que teria dilacerado o flanco de Cristo na cruz. Mas quando o Exército americano se preparava para invadir Nuremberg, cinco das preciosas relíquias desapareceram. Quem as teria levado da câmara subterrânea? Por quê? Após o fim da guerra, o mistério ficou sem solução até que o general Eisenhower, comandante dos Aliados, ordenou que o tenente Horn, professor licenciado da Universidade de Berkeley, procurasse os tesouros desaparecidos. Para realizar sua missão, Horn mergulhou nas antigas lendas e no misticismo que cercavam as antiguidades saqueadas por Hitler em sua busca do domínio mundial. O que ele descobriu em sua odisseia é tão explosivo que seu relatório final permaneceu secreto por décadas. Baseando-se em informes do serviço de inteligência, bem como em cartas e entrevistas, Sidney Kirkpatrick revela como Hitler, em sua mania de grandeza e obcecado por ocultismo, quase conseguiu criar um Reich Sagrado fundamentado numa reinvenção distorcida da história medieval e da Igreja. 

Inquisição: O Reinado do Medo - Toby Green

 

Inquisição: O Reinado do Medo é um trabalho de fôlego do jornalista e professor Toby Green sobre a perseguição religiosa institucionalizada por Espanha e Portugal em seus domínios, desses que se tornam referência para os interessados e estudiosos do tema. Durante quatro anos, o autor vasculhou alguns dos mais emblemáticos centros de memória e pesquisa do mundo - entre os quais os arquivos Secreto do Vaticano, o Geral das Índias e o Histórico Nacional, em Madri, as bibliotecas Britânica e a da Ajuda, em Lisboa, além do Museu do Prado. Ao proporcionar uma leitura ampla dos eventos e relatos estudados, Green remete-se a Freud ao apontar a neurose, a repressão e as distorções de sexualidade como causas principais das mortes e dos tormentos sofridos em nome da fé e de Deus. A Inquisição foi, por trezentos anos, a mais eficiente máquina burocrática de repressão do mundo que assombrou o imaginário coletivo com base na pedagogia do medo. Foi fruto mais de motivações políticas do que religiosas, sendo controlada pela coroa espanhola sem a interferência do papa. E resultou extremamente rentável para seus perpetuadores. O papado havia criado uma instituição semelhante no fim do século XII. Mas a reinvenção dos "reis católicos", estabelecida para varrer os hereges de seus domínios, serviu, sobretudo, para que Fernando de Aragão e Isabel de Castela assegurassem o controle do território espanhol, marcado pela convivência, no passado, entre cristãos, judeus e muçulmanos.

A Inquisição, estabelecida na Espanha, em 1478, e em Portugal, em 1536 – a instituição mais temida do mundo durante trezentos anos-, surgiu de preocupações políticas, não religiosas. O papado havia criado uma Inquisição no fim do século XII, mas a versão espanhola, criada supostamente para extirpar a heresia, serviu acima de tudo para que os “reis católicos” espanhóis Fernando de Aragão e Isabel de Castela impusessem uma hegemonia mono política na Espanha.
Ao criar um inimigo, fortalecia-se o poder central numa época de crescente ressentimento popular. Portanto, judeus e mouros convertidos ao catolicismo viraram alvos: depois, hindus, luteranos, hunguenotes, franco maçons, seitas místicas, bígamos, padres fornicadores, marinheiros sodomitas, homossexuais e bruxas.
O terror chegou ao fim nas primeiras décadas do século XIX, com a chegada do Iluminismo e das tropas de Napoleão. Mas não foi um fim sem reflexos. Green nos surpreende com sua conclusão: as divisões sociopolíticas que levaram aos regimes de franco e Salazar na Península ibérica seriam, em grande parte, legados da inquisição. Pois seu enorme alcance burocrático, chegando inclusive aos cantos mais longícuos da alma, foi precursor do estado totalitário de nossos tempos.
"Porque a Inquisição não foi nada menos do que a primeira semente dos governos totalitários e da institucionalização do abuso racial e sexual", analisa Green.

Toby Green nasceu em Londres, em 1974. Estudou Filosofia na Universidade Cambridge. Trabalhou como professor, agente literário e jornalista. É autor de biografias, críticas literárias. Livros de História e relatos literários de viagens. Seus livros já foram traduzidos para dez idiomas.

Comentário na revista Veja edição 2218 – 25 de maio de 2011, pág.136/137. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A tenda vermelha, Anita Diamant

Na Bíblia, as mulheres ocupam um lugar à sombra, por isso ficamos privados de sua sensibilidade na descrição dos acontecimentos. Numa narrativa envolvente, Anita Diamant resgata esse olhar feminino e dá vida às personagens bíblicas, recriando o ambiente em que viveram, seu cotidiano, suas provações e suas paixões. Filha de Jacó e Lia, Dinah – cuja trajetória é apenas sugerida no Livro do Gênese – é a figura central desta trama, que começa com a história das quatro esposas de Jacó, a quem ela chama de ‘mães’ – Lia, Raquel, Zilpah e Bilah. O amor delas e o legado que lhe transmitem servem de apoio durante a fase de trabalho duro da juventude, no ofício de parteira e na vida nova em uma terra estrangeira. À medida que cresce, Dinah observa tudo o que se passa no deserto – as conquistas, a rivalidade entre os irmãos, a sensualidade intuída, a aspereza do relacionamento entre os homens, a complexidade dos sentimentos das mulheres, a construção de um povo descrita a partir da saga de um núcleo familiar. De espectadora, ela passa a protagonista, e são seus amores, medos, descobertas e perdas que vão sendo narrados no cenário mais amplo de um mundo bíblico de caravanas, pastores, agricultores, príncipes, escravos e artesãos. ‘A tenda vermelha’ é uma fascinante viagem à época em que nossa civilização e nossos valores começaram a ser delineados.

Artigos

A Tenda Vermelha em debate

Por Alice Dias, da Editora Sextante

A Tenda Vermelha, de Anita Diamant, é uma verdadeira viagem ao mundo bíblico através de um ponto de vista diferente daquele que conhecemos: o feminino. As mulheres, naquela época, não tinham voz, mas Anita nos mostra, através de sua escrita suave e envolvente, que elas podiam não ter expressão, participação na vida pública ou direito à cidadania, mas exerceram um papel fundamental na vida dos homens representados na Bíblia.

A protagonista do livro é Dinah, filha de Jacó e Lia. Na Bíblia, as mulheres aparecem como personagens sem importância, citadas apenas como filhas, irmãs ou esposas. O nome de Dinah só aparece nos capítulos mais conhecidos sobre Jacó e seus doze filhos, no Livro do Gênese. Anita Diamant, então, resgata a força feminina para que vejamos a história por ângulos diferentes, tornando-nos quase íntimos dos personagens da Sagrada Escritura.

A Tenda Vermelha foi ganhador do prêmio O Livro do Ano 2001 pela Associação dos Livreiros Independentes Americanos por sua narrativa apaixonada e original. Sua história traz uma visão aberta sobre o que poderia ter acontecido com as mulheres que viveram naquele tempo.

A partir da leitura do livro, alguns grupos religiosos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, promovem debates para discutir os temas abordados e tentar esclarecer os mistérios dessa época tão distante, mas ainda tão presente em nossas vidas.

Ao redor do mundo, esses grupos de leitura, chamados de reading groups discutem diversas questões apresentadas no livro, como a poligamia praticada por Jacó, o papel da mulher na sociedade e até a trajetória de Dinah, que passa por intensas transformações ao longo do vida. Nesses encontros, cada participante fala sobre sua interpretação do texto, ouve a dos outros e analisa os diferentes pontos de vista.

Os grupos de leitura e discussão são um meio definitivo e importante de se aprofundar nos temas abordados nos livros, levando à reflexão e ao crescimento pessoal e espiritual. Nos Estados Unidos, eles são imensamente populares e aqui no Brasil estão começando a atrair mais interessados.

Não perca tempo, reúna seus amigos e familiares e crie você também um grupo para analisar e debater seus livros favoritos. Se quiser ver como funcionam dois interessantes grupos americanos, acesse os endereços:

www.uahc.org/books/diamant.shtml

www.readinggroupguides.com/guides/red_tent.asp#discuss

http://www.esextante.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=2

sábado, 24 de setembro de 2011

Um Certo Verão na Sicília, Marlena di Blasi



Um relato emocionante sobre os aromas, os sabores e as tradições da região italiana
No verão de 1995, a jornalista americana Marlena de Blasi estava casada há apenas nove meses com um veneziano, quando uma revista acadêmica a encomendou um artigo sobre as regiões do interior da Sicília. A autora conta que na época, já havia escrito longamente sobre as cidades e os vilarejos costeiros. 
No entanto, ela desconfiava de que não fora a primeira escolha do editor entre os jornalistas qualificados que escreviam em inglês. Ainda antes de partir, teve suas suspeitas confirmadas: "Diversas pessoas já tinham recusado o trabalho, incluindo o redator da equipe, que vivia na Sicília havia mais de uma década. O motivo? O mesmo que outros colegas já tinham utilizado para me alertar: o centro da ilha é um lugar remoto e intransitável, o silêncio colossal da região se reflete em seus habitantes. Eu lhes respondera que o silêncio é o reconhecimento do mistério. E o mistério é bom. As advertências serviram apenas para despertar minha curiosidade".
E como já esperava, encontrou também o silêncio entre os venezianos com quem tentou conversar. Até mesmo importantes entrevistas agendadas pelo editor da revista foram ignoradas ou esquecidas. O roteiro meticulosamente traçado foi marcado apenas por silêncios, portas fechadas e um épico calor: "Me rendi. Telefonei ao editor para lhe dizer isso. Até mesmo da parte dele houve silêncio. Deixando de lado a obrigação do trabalho, meu marido e eu decidimos sair das montanhas e ir para o sudoeste, na direção de Agrigento."
Em Um Certo Verão na Sicília, o casal descobre a misteriosa Villa Donnafugata, onde passam um mês aprendendo a história dos habitantes do vilarejo: lavradores locais que se tornaram solitários, viúvas, viúvos, que trabalham, cantam, rezam e brincam numa ensolarada paisagem de torres, sacadas, hortas, campos e colinas. Com serviço de saúde com enfermeiras e médicos que fazem visitas, lá as mulheres são como irmãs. Em grande parte, eram vizinhas no vilarejo ou trabalharam nos campos, lado a lado, durante a vida toda. "Somos todas parentes por afeição. Somos parte das histórias umas das outras. Nós somos sicilianas", afirma uma das moradas locais à autora.
Ao longo do livro, Marlena revela os hábitos encantadores dos moradores da Villa Donnafugata e os segredos de sua bela e misteriosa proprietária, a signora Tosca Brozzi, que vive no lugar há mais de trinta anos, desde que seu pai a trocou por um dos cavalos do príncipe Leo, quando ela tinha 9 anos. Sua raiva inicial deu lugar a carinho e, depois, amor pelo príncipe. Juntos, depois da Segunda Guerra Mundial, Tosca e o príncipe levaram educação, bem-estar e um novo conceito de propriedade ao vilarejo que dependia das terras do nobre. No entanto, Leo acabou sendo punido pela Máfia por afrontar a hierarquia secular que mantinha os ricos no conforto e os pobres na miséria. 
http://www.objetiva.com.br/livro_ficha.php?id=120

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Não Tenha Medo de Ser Chefe - Bruce Tulgan

 Não tenha medo de ser chefe aponta o maior problema das empresas hoje em dia – uma epidemia de subgerenciamento que afeta toda a escala de comando – e oferece um caminho para que os gerentes reassumam seu papel e se tornem os líderes fortes de que suas equipes precisam. Neste livro, você vai aprender a ver a função de chefia com outros olhos. Não como um fardo ou uma obrigação desgastante, e sim como uma oportunidade valiosa de ser útil, contribuir para aumentar a produtividade de sua equipe e ajudar seus subordinados a conseguir aquilo que querem e fazem por merecer. Com uma sólida experiência em consultoria, Bruce Tulgan afirma que os chefes devem explicitar suas expectativas, dizer a cada pessoa exatamente o que fazer e como fazer, acompanhar e avaliar constantemente o desempenho de sua equipe, corrigir as falhas com rapidez e recompensar os sucessos ainda mais rapidamente. Tulgan identifica as principais dificuldades enfrentadas pelos gerentes, relata casos reais e apresenta soluções simples e eficazes para lidar com os problemas do dia a dia. Com uma abordagem prática e positiva, ele destrói, um a um, os mitos que rondam o gerenciamento:
- O mito de que delegar poder é deixar as pessoas se virarem sozinhas e permitir que gerenciem a si mesmas.
- O mito de que ser justo é tratar todo mundo da mesma maneira.
- O mito de que o único jeito de ser firme é agir como um cretino e que ser um cara legal é deixar cada um fazer o que quiser.
- O mito de que evitar conversas difíceis é a melhor forma de não gerar confrontos com os funcionários.
- O mito de que é preciso ser um líder nato para gerenciar.
- O mito de que não há tempo suficiente para gerenciar pessoas.

A Estratégia do Oceano Azul, W. Chan Kim, Renee Mauborgne


O livro apresenta uma nova maneira de pensar sobre estratégia, resultando em uma criação de novos espaços (o oceano azul) e uma separação da concorrência (o oceano vermelho). Os autores estudaram 150 ganhadores e perdedores em 30 indústrias diferentes e viram que explicações tradicionais não explicavam o método dos ganhadores. O que eles acharam é que empresas que criam novos nichos, fazendo da concorrência um fator irrelevante, encontram um outro caminho para o crescimento. O livro ensina como colocar em prática essa estratégia.

Laços de família, Clarice Lispector


Laços de Família, publicado pela primeira vez em 1960, é um tesouro da ourivesaria literária. São treze contos, hoje tidos como clássicos. Entre eles, os festejadíssimos "Amor", "O crime do professor de Matemática", "O búfalo" e "Feliz aniversário", adaptado para a televisão por Ziembinsky. Neles s personagens são sempre surpreendidos por uma modalidade perturbadora do insólito, no meio da banalidade de seus cotidianos. Clarice cria situações onde uma revelação, que desconstrói e ameaça a realidade, desvela a existência e aponta para uma apreensão filosófica da vida. Em Laços de família, Clarice aprofunda sua técnica narrativa em uma abordagem quase fenomenológica. Trata da solidão, a morte, a incomunicabilidade e os abismos da existência através da rotina de dona-de-casa, do mergulho trágico em uma festa familiar nos 89 anos da matriarca, da domesticação da natureza mais selvagem das mulheres, ou dos pequenos crimes cometidos contra a consciência, contra o drama do professor de Matemática diante do abandono e da sacerdotisa da nossa literatura.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A menina que roubava livros - Markus Zusak

Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em "A Menina que Roubava Livros", livro há mais de um ano na lista dos mais vendidos do "The New York Times".

Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, "O Manual do Coveiro". Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.

E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de rouba-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar.

Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena.


para saber mais...

Momento em que escrevo isso, faz apenas 2 minutos que terminei de ler A Menina que Roubava Livros. E vou admitir pra vocês. Há muito que uma história não me arrepiava tanto.
Também acabo de perceber que, se algum dia tive pretensões como crítico literário, foram grandes ilusões. Um crítico precisa ser mais racional e analítico, já eu, sou facilmente conquistado por uma simples história diferente, porém profunda.
Sou um bom leitor.
Ou um bom apreciador da arte, talvez.
Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler.
Liesel Meminger é a menina que nossa narradora — a morte — encontrou três vezes. A garotinha conseguiu tapeá-la nas três.
Impressionada, a ceifadora de almas decide nos contar sua trajetória, pois, como ela mesma diz, em seu ramo de trabalho, o único dom que lhe salva é a distração. Ela mantém sua sanidade.

Apresentando

A Alemanha nazista.
Uma menina com um irmão morto.
Um livro preto com letras prateadas.
Neve.
Dois pais de criação.
A mulher com punhos de ferro.
O enrolador de cigarros.
Um judeu escondido no porão.
Palavras…
…e bombas.
. Eis um pequeno fato .
Você vai morrer.
A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?
. Uma pequena teoria .
As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim,
mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão
de matizes e entonações a cada momento que passa.
Uma só hora pode constituir em milhares
de cores diferentes — amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.
Primeiro aparece uma coisa branca. Do tipo ofuscante. É muito provável que alguns de vocês achem que o branco não é realmente uma cor, e todo esse tipo batido de absurdo. O branco é sem dúvida uma cor e, pessoalmente, acho que você não vai querer discutir comigo.
. Um anúncio tranqüilizador .
Por favor, mantenha a calma, apesar da ameaça anterior.
Sou só garganta…
Não sou violenta.
Não sou maldosa.
Sou só um resultado
Ei, acorde! Ela não está atrás de você, ela sequer procura você. Ela só chega quando é tarde demais. E faz o seu trabalho.
Como eu falei, parece muito mais humano passar as sensações que um livro possa trazer.
Alegria.
Ternura.
Tristeza.
Euforismo.
Solidão.
Orgulho.
Medo…
…e a Morte.
Foi nos livros que Liesel viu a oportunidade de fugir daquilo tudo que a perseguia. Ela esquecia do irmão morto com um olho aberto, no chão do vagão do trem.
Ensinaram-na a ler. Um certo enrolador de cigarros e um acordeonista.
No abrigo, durante os bombardeios, ela sacudia as palavras para manter todos mais calmos. E longe de mim. Era a sacudidora de palavras.
Até que um dia ela escreveu seu próprio livro.
Até que um dia as sirenes não tocaram para avisar sobre as bombas.
Até que um dia a rua Himmel foi devastada.
Até que um dia só sobrou a menina que roubava livros nos escombros de um porão raso demais para suportar.
Uma sobrevivente.
Um acordeão quebrado.
Um beijo tarde demais.
Um livro perdido e devolvido em tempo.
Venha comigo, quero lhe contar uma história. Vou lhe mostrar uma coisa.
. A nota final de sua narradora .
– Os seres humanos me assombram.
http://www.lendo.org/a-menina-que-roubava-livros/

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Mulheres Inteligentes, Relações Saudáveis - O livro que toda mulher deveria ler antes de se relacionar - Augusto Cury

 
Neste novo livro, Augusto Cury presenteia os leitores com esta fantástica análise sobre a mulher, suas emoções e reações, anseios e desejos. O livro aborda tipos de mulheres, as observadoras, as analíticas, as mulheres casulos dentre outras, trazendo o lado positivo e negativo de cada comportamento. O autor afirma que é necessária a identificação do tipo de mulher que cada uma é, permitindo uma reflexão ponderada e um trabalho de mudança, além da necessidade de ela reconhecer seu real valor, se valorizando, deixando a culpa e a autopunição de lado. Cury aborda também outros temas muito importantes ao universo feminino: a ditadura do ciúme, a generalização da crítica, o excesso de trabalho, o medo da perda etc. Como identificar os erros? Como transformar as atitudes? Como manter uma relação saudável através do controle dos pensamentos e das emoções? Neste livro, toda mulher se encontrará, identificando o tipo de mulher que é, podendo reconhecer também outras mulheres, como a mãe, a irmã e as amigas. Ao final de cada capítulo os homens recebem um presente especial, frases-conselhos que os farão refletir sobre as mulheres de sua vida. E como não poderia deixar de ser, o autor encerra o livro com uma bela mensagem para as mulheres inteligentes.

"Que você olhe no espelho de sua mente.
E, se olhar, não tenha medo de se enxergar.
E, se enxergar, seja autônoma, reconheça seus defeitos.
E, se reconhecer, seja, analítica, não se puna nem se diminua.
esteja sempre pronta para recomeçar.
E, se recomeçar, seja contemplativa, faça muito do pouco.
Desse modo, você se tornará autora da própria história."

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil - Leandro Narloch

 Existe um esquema tão repetido para contar a história do Brasil, que basta misturar chavões, mudar datas ou nomes, e pronto. Você já pode passar em qualquer prova de história na escola. Nesse livro, o jornalista Leandro Narloch prefere adotar uma postura diferente ? que vai além dos mocinhos e bandidos tão conhecidos. Ele mesmo, logo no prefácio, avisa ao leitor: "Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocação. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos." É verdade: esse guia enfurecerá muitas pessoas. Porém, é também verdade que a história, assim, fica muito mais interessante e saborosa para quem a lê.

http://guiapoliticamenteincorreto.com/

O castelo branco de Orhan Pamuk

Primeiro romance de Orhan Pamuk, O castelo branco conta a história de um acadêmico veneziano aprisionado pelos turcos no século xvii. Graças aos seus conhecimentos, o italiano escapa do chicote e dos remos da esquadra, mas acaba vendido em uma feira de escravos e, depois de ser comprado por um paxá, é dado de presente a Hoja, um estudioso turco. Quando amo e escravo se encontram, um choque: os dois homens são tão parecidos entre si que chegam a se confundir. Sem nunca abandonar a esperança de voltar à terra natal, o veneziano ensina a Hoja tudo o que aprendera em seu país, e os dois ainda investigam alguns fenômenos naturais. Até que o mestre fica obcecado por uma pergunta: o que faz de nós o que somos? Sem ter uma resposta exata, o escravo procura as pistas, e os dois concluem que a chave dessa questão de identidade está nos sonhos e nos pecados de ambos. Eles então se dedicam a uma longa expiação, na qual narram em pormenores todos os acontecimentos de suas vidas. A intrincada tapeçaria da trajetória dos dois, de obscuros curiosos de província a conselheiros diretos do sultão da Turquia, encobre um estudo delicado e complexo das relações entre a Europa e a Turquia. Mas a principal investigação de Pamuk nesta narrativa fluida e criativa é sobre a questão ancestral que perturba o Hoja e ecoa em todos nós: o que, afinal, forma a nossa identidade e define quem somos? 


O castelo branco é uma fábula de Orhan Pamuk. O castelo branco é uma cidadela que marca o limite da obsessão por saber a verdade sobre si mesmo e sobre os outros, por descobrir sua identidade.
O tema da identidade é nosso velho conhecido: há pelo menos dois séculos o pensamento brasileiro e hispano-americano o visita, quase sempre por caminhos torpes e determinantes, que desembocam em caricatas definições naturalizadas e inspiram discursos políticos canhestros à direita e à esquerda. Por isso, Sérgio Buarque de Holanda alertou, setenta anos atrás, para o duplo risco de sua busca: a identificação não pode ser tão ampla, que tudo caiba nela, nem tão restrita, que só se possa enxergá-la no espelho. Por isso, tantos já alertaram que toda identidade é inventada e só existe em função de seu tempo e da comunidade imaginada por quem a construiu.
Só que Pamuk é turco e publicou O castelo branco, seu primeiro romance, em 1979. A Turquia já vivia, há séculos, o dilema que até hoje a envolve: desejar e desdenhar ser Europa. Como toda fábula, traz um enredo aparentemente simples: a convivência, por décadas, entre um veneziano e um turco. A história se passa no século XVII, o veneziano é um homem ilustrado e narra sua captura pelos turcos, a vida na prisão e, depois, como escravo de Hoja, o turco que queria saber dos “outros” – os europeus – e de si mesmo. São quase idênticos na aparência e juntos tentam desvendar, em embates intelectuais e filosóficos, suas semelhanças e diferenças de “essência”. Hoja, senhor, propõe uma questão que soa infantil: por que eu sou quem sou? O narrador, escravo, é forçado a descrever com detalhes seu passado e seus pecados em terras distantes, agora inacessíveis. Num dado momento, olham-se lado a lado no espelho e não gostam do que vêem.
O jogo, perigoso, não se restringe aos dois: envolve poderosos – paxás e sultões – a quem assessoram e temem, de quem prevêem temerariamente o futuro, para quem fabricam uma poderosa arma militar. É com o sultão que partem para uma guerra longa e errática, cujos objetivos são difusos e cujo limite é o castelo branco que, além do pântano, engole a máquina de guerra e força o desfecho da relação obsessiva.
Tudo é tormentoso na narrativa de Pamuk. Os duplos são incessantes e as misturas de papéis, inevitáveis. O que, afinal, cada um pode aprender sobre o outro? Qual é o limite do eu, do você, do nós? O que fazemos quando a cabeça, afligida por medos reais ou imaginários, se separa do corpo e não conseguimos entender por que estamos dentro de nós? Até a escrita, tantas vezes apresentada como saída e possível aprendizado, se torna agônica na vertigem catártica da identificação que procuram. E, assim, a autobiografia – forma aparente da narrativa – se divisa com a mentira e com a história fictícia e alheia – tema, por sinal, a que Pamuk voltaria, anos depois, no maravilhoso Istambul. Hoja quer provar uma verdade, a própria verdade, e, para tanto, chega a extremos brutais: científicos, religiosos, políticos. Descobre, afinal, que talvez seja preciso esquecer para lembrar e que o único resultado de sua busca é o desespero, o engano.
O castelo branco é uma fábula e as fábulas, sabemos, têm capacidade reveladora. Mas o livro – que deveria ser lido por todos, principalmente nas terras em que as gentes insistem na “revelação” de sua “identidade” – só revela o paradoxo e a inutilidade dessas buscas. Revela a complexidade, a paixão e o torpor das relações, a fluidez das fronteiras. Nos coloca no negativo e lembra que todos temos, diante de nós, um castelo branco.
fonte: http://paisagensdacritica.wordpress.com/2008/02/05/3/

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