terça-feira, 19 de junho de 2012

Falta de inovação ameaça a sobrevivência da indústria brasileira, alerta Conferência da Anpei


Este foi o principal alerta apontado pela “Carta de Joinville”, documento resultante dos três dias de debates realizados durante a 12ª Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, encerrada nesta quarta-feira (13), em Joinville (SC). O evento, promovido pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), que recomenda uma política econômica orientada para a inovação, reuniu cerca de 1.900 participantes.
Em função desse quadro, a associação acompanha com preocupação a redução nos investimentos do governo federal em inovação. A entidade lembra que só neste ano, o corte chegou a 22%, o que representa uma diminuição de R$ 1,5 bilhão nos aportes voltados à inovação. Na “Carta de Joinville”, outro ponto destacado é que “a falta de um ambiente legal previsível reforça a necessidade de continuar construindo um contexto favorável à inovação tecnológica e com recursos previsíveis e regulares”.
Para a direção da Anpei, apesar da inserção da economia do País num ambiente globalizado, há ainda um despreparo geral dos agentes envolvidos com a produção que se reflete no valor reduzido da exportação de produtos intensivos em tecnologia frente às importações. No entender dos participantes da 12ª Conferência Anpei, essa realidade de mercado tende a ser agravada por uma mudança estrutural e conjuntural da economia mundial que resultou em redução do ritmo de crescimento que não se prenuncia passageira.
A necessidade de priorizar o investimento em inovação ganha maior relevância, quando se entende que as mudanças que afetam a economia mundial resultam de uma transição para uma nova realidade global, com novos e profundos contornos. Tal transição, no entender da Anpei, também não é passageira. A entidade considera fundamental que parte das riquezas gerada pela exploração do pré-sal seja revertida diretamente para ciência, tecnologia e inovação. “É imprescindível garantir mecanismos de fomento ao P&D na regulamentação dos contratos de partilha (royalties e cláusulas de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação), inclusive prevendo o estímulo direto às empresas inovadoras”.
Apesar dos sinais preocupantes, o documento concluído na Conferência Anpei também constata pontos positivos. Lembra, por exemplo, que em função da redução de juros, há uma maior disponibilidade de capital para investimento em inovação. “Esse novo cenário deve ser entendido e monitorado pelos gestores de inovação das empresas”, diz o documento.
Na apresentação de casos de sucesso no evento, ficou nítida também a mudança no estágio de capacitação técnica da indústria nacional. Não se trata mais de inovações em produtos, mas em novas plataformas que dão origem a diversos produtos, há a prática de logística reversa e conservação de energia, além da internacionalização dos centros de pesquisas brasileiros, confirmados pelos dados da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
O documento registra ainda outros resultados positivos decorrentes de programas estruturantes como o dos motores flex e do pré-sal. Também o tema da biodiversidade ganhou especial visibilidade em função da realização da Rio+20. A “Carta de Joinville” sustenta que, em muitos aspectos, “a biodiversidade assemelha-se ao pré-sal, sendo, além de tudo, perene se utilizada de forma sustentável”.
Por fim, o documento enfatiza que o esforço de inovação “terá de ser no sentido de estimular o investimento, particularmente o voltado a P&D. Temos de garantir uma evolução mais rápida e significativa da inovação no Brasil. Não apenas porque queremos que essa agenda avance, mas porque ela é essencial para o futuro do nosso País”.
Confira a íntegra da Carta de Joinville no link: http://www.anpei.org.br/download/carta_de_joinville.pdf.
(Ascom da Anpei)
Conteúdo relacionado:
  1. Empresários reforçam repúdio ao corte de recursos em CT&I no País
  2. Brasil quer atrair centros mundiais de pesquisa e desenvolvimento
  3. Terrível: a indústria da computação está derretendo! nos USA
  4. Negócios bilionários – a nova bolha da informática
  5. Verba privada para inovação precisa aumentar cinco vezes
    http://palazzo.pro.br/wordpress/2012/06/3040/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *